quinta-feira, 17 de setembro de 2009

não há vogais a mais no silêncio


Desperdicei outro momento de inspiração.

E isso acontece sucessivas vezes durante o dia - dentro do ónibus pensei em pegar o papel, mas certamente terminaria a viagem enjoada - é incrível como os instantes que passo sentada daqueles bancos possuem o poder de provocar reviravoltas - quando tudo se desfaz e volta em sentido oposto ao anterior - certezas diluídas ao acaso .O caminho, quase 30 minutos talvez, me fez lembrar e entender que, as lágrimas que insistiam cair e a vontade de encontrar um cantinho pra se esconder iam passar, começavam a passar nos instante em que conseguia encará-los da exacta maneira como são.

Os fatos que imaginamos são sempre tão mais belos e mágicos do que a realidade - sendo assim, são tão mais assustadores e decisivos.

Só mais uma noite, como infinitas outras pelas quais você passou e todos nós iremos passar. Esquece tudo isso - pensava - pensava também em tirar o casaco - mas teria preguiça de carregá-lo. A música no rádio falava de amores e ela, sinceramente, não aguentava mais pensar nisso. Curioso como as músicas agitadas não a agradavam. Buscou por instantes outras reflexões - pensou em tomar uma atitude surpreendente. Criara amarras que não existiam e alguma coisa, por hora desconhecida podia perturbá-la. A inquietude e o desejo de olhar somente pra dentro, tiraram-na da escola esta manhã. Os amigos possuíam o dom de prendê-la ao que é real - as discussões sobre os fatos cotidianos, as insistentes perguntas sobre que se passara. Ela não queria falar, não podia explicar o que não havia entendido.
Em casa, sentiu a calma fria, quis ficar por ali. O telefonema que não esperava a encontrou - pensou em não atender, mas isso não durou muito tempo.
Deu ao que a assombrava um tom de praticidade. O desassossego passava lentamente - não deixarei que tirem a minha paz. Porque se lamentava, então?Já não sabia mais

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